13.6.05

Impressões

Saudade

A saudade é uma chama que arde dentro da gente
qual folha, que solta no espaço, vaga ao sabor do vento
fere mais que fogo bravo, ou mordida de serpente
muda o rumo do dia, tira o sossego da gente.

Dias longe se passaram, que a lembrança traz agora
de um céu azul infindo, de parques, ruas de outrora
de um tempo que ficou longe... Dos amigos de uma menina...
Morena como a noite, suave como a brisa.

A vida segue o seu rumo, na estrada do destino
o tempo cavalga a galope, não se detém no caminho
quem quiser viver de lembranças tornar-se-á uma ilha
distante de todo mundo... Cercado de águas frias.
Recife 1984
Crônica do Virtual Bar
Havia um tempo em que antes das festas, teatros, shows, saídas pra namorar, cinema de sábado, reuniam-se às almas aflitas, cansadas, alegres, felizes, em paz para um encontro sagrado, era tudo muito confuso, todos falavam com todos, em aberto ou secretamente, era o falar no ouvido, o gritar para a outra mesa, encontros, desencontros, amizades, brigas, era um lugar concorrido, havia a fila para entrar, e uma vez dentro todos queriam ser da turma até o mais recente visitante se dizia antigo freqüentador, logo vieram às castas, as sociedades secretas, mas ao largo disto tudo se formava uma liga, uma amálgama que unia algumas almas que se identificavam com aquele lugar. Era um tempo de novidades, e o sucesso daquele lugar logo se tornou público e muitos vinham para saber o que se passava ali e que não conseguia acontecer em tantos outros lugares semelhantes espalhados pela grande aldeia global, havia uma aura especial, uma magia que contagiava a todos, era um non sense certamente, mas como explicar o inexplicável? Ali naquele lugar, naquele momento especial, ocorreu um fenômeno social, surgiu uma sociedade etérea na sua concepção material, pela ausência dos corpos, e predominantemente espiritual, uma vez que apenas conhecíamos o que o intelecto nos permitia conhecer de cada um. Este era o Clube do Whisky a maior sala de bate papo da história da Internet brasileira, e que como grandes fenômenos sociais cosmopolitas conheceu o apogeu e o ostracismo, hoje não passa de uma como muitas outras salas de bate papo na Internet, todavia as pessoas que viveram e fizeram parte de sua história guardam consigo a certeza de que fizeram parte de algo indescritível, real, e que jamais passará em suas mentes. A todos que fizeram parte desta história é que dedico esse texto.
Recife 14/05/2005



Crônica de um campeonato

Foram onze longos anos de uma espera insana, o desejo de tê-la crescia a cada desencontro, algumas vezes estiveram tão próximos que se podia sentir o gosto de sua chegada, mas logo vinha uma nova decepção, o sentimento de frustração era intenso, a sensação de abandono, tristeza e desanimo tomava proporções inimagináveis, porém havia sempre um recomeço, uma nova esperança, agora será diferente, faremos tudo de outra maneira, aprendemos com os erros, acertaremos, corrigimos os desvios e então estamos prontos para uma nova tentativa, difícil seria tentar explicar esse renovar de ânimos capaz de fazer sonhar novamente o maior dos desesperançosos e então começava tudo de novo, sonhar, trabalhar, acreditar e esperar que o destino traga uma nova oportunidade do tão esperado encontro. Enfim aconteceu, era uma noite de quinta-feira, dia 11 de julho de 2001, por uma dessas incríveis coincidências o dia em que nos seus 100 anos de existência ele nunca havia perdido um jogo sequer, a noite estava fria, como frias são as noites nubladas do inverno, no coração da nação alvi-rubra o calor era intenso a emoção transbordava no olhar de cada torcedor, jovens que nunca haviam visto seu time ser campeão, outros não tão jovens, mas que haviam esquecido o gosto de uma vitória como essa, e nesse dia às 23:00 o tão ansiado encontro aconteceu, juntas a vitória e a nação timbu firmaram um pacto de andarem sempre perto um do outro, sempre e para sempre, ainda que para sempre não exista.
Recife 12 de julho de 2001.