24.4.06

Sonhos para uma noite de verão

(Foto tirada da janela do meu quarto hoje quando acordei)

Hoje acordei e pensei o que quero dos próximos anos da minha vida. Já se passaram muitos outros, vivi muitas alegrias, muitos amores, alguns platônicos, beijei tantas bocas e nunca esqueci nenhuma delas, conheci lugares, ouvi histórias, ri com o sorriso de outras pessoas, observei a singularidade do gesto, percebi detalhes, a vida foi boa comigo, me proporcionou muitas alegrias, colocou sobre mim um céu de infinitas estrelas para observar, diante de mim um oceano maior que os meus olhos conseguem enxergar, ao meu redor inúmeros caminhos que eu nunca poderei a todos percorrer.

A vida tem sido graciosa comigo, sonhei muitos sonhos, desses alguns realizei, voei, toquei o fundo do mar, contemplei paisagens indescritíveis, ouvi sons inesquecíveis, dormi em plena selva com a tranqüilidade de uma criança, subi montanhas, escalei paredões, desci de corda por tantas encostas e nesses momentos me senti pleno, vivi a aventura de uma vida de muitas experiências, muitas possibilidades.

Agora cheguei ao ponto em que me sinto enquadrado no modelo social, me formei em direito, tenho uma rotina diária de trabalho, sou um homem comum, vivo dentro da rotina que se espera de um homem de meia idade, tenho 43 anos, mas me sinto tão jovem, dentro de mim ainda arde a chama da aventura, ainda me sinto atraído pela idéia de sair pelo mundo, de correr riscos, de enfrentar perigos, dentro de mim ainda existe o desejo de viver uma travessia oceânica, fazer parte da tripulação de um veleiro na regata ao redor do mundo, a Challenger, saltar de pára-quedas, aprender a surfar uma onda gigante, esquiar na neve, fazer um safári na áfrica, o menino ainda vive em mim.

Mas a pergunta permanece sem resposta, o que quero para os próximos dias da minha vida?

Quero a possibilidade de viver um sonho, a expectativa de um grande amor, quero a esperança de um mundo perfeito, onde eu possa andar pelas ruas sem medo, onde eu possa caminhar durante a madrugada sozinho contemplando um magnífico luar, debruçado numa ponte sobre o rio Capibaribe, numa noite de calor no verão.