3.3.06

Pra não dizer que não falei das flores

Os dias andam agitados, estou me preparando para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil, na verdade eu comecei a estudar há dois dias, primeiro porque ainda não venci esse hábito de procrastinar tudo, depois por imaginar que os cinco longos anos de faculdade deveriam ser suficientes para me habilitar ao exame. O pior é que começo a ter a sensação de que não serei aprovado, isto não por haver em mim um grande vazio intelectual dos fundamentos jurídicos necessários ao exercício da advocacia, mas por haver em nosso país uma política de concurso, onde o exame da OAB tornou-se um instrumento de avaliação das entidades de ensino jurídico superior, então concorrem as várias faculdades entre si, representadas por seus alunos recém formados, no fim tudo não passa de uma grande competição onde cada um luta por ter um lugar melhor no Ranking, e o "mercado" absolve os melhores colocados.

O curioso disso tudo é que muitas escolas estão deixando de lado o ensino doutrinário e profundo, a epistemologia do direito, para preparar os alunos nas questões de múltiplas escolhas, cheias de "cascas de banana", típicas de concursos vestibulares. Vejo o profissional do direito após aprovado no exame da ordem procurando cursos de aperfeiçoamento, que na verdade ensinarão o que deveria ter sido ensinado durante o curso de bacharelado, temo que os profissionais do futuro estejam preparados para responder questões objetivas em provas de múltipla escolha, todavia necessitarão de um maior aprofundamento teórico para enfrentar as questões práticas que envolve muito mais que a pura observância da lei, mas sim a sua exegese.