30.6.05

O caminho

(Akido - 1º Encontro Internacional de BUDO - Maracaípe/PE - foto Album do Orkut de Dêka Madeira)

Hoje estou de ressaca, o dia de ontem foi intenso, estou diante de minha imagem refletida no espelho, o espelho da minha consciência. O momento atual é de preparo, sinto-me como nos tempos do remo em Brasília quando estávamos treinando para uma competição, o período que antecede a disputa é de muita ansiedade, tudo é feito no sentido da competição, alimentação, condicionamento físico, mental e aprimoramento da técnica.

Este ano será de preparação, tudo que faço está diretamente relacionado com o próximo ano, e isso cria um estado de grande ansiedade. Ter que fazer hoje na expectativa de ver o resultado amanhã é uma experiência que exige paciência. Logo eu que sou impaciente, ansioso, agitado. Às vezes fico observando o meu professor de Aikido, seus gestos largos, sua cadência, seu equilíbrio, percebo que existe harmonia naquilo que ele faz, talvez seja a influência da filosofia Zen.

Estou em compasso de espera, tenho que sobreviver a este ano, concluir o que comecei, finalizar esse projeto. A história da minha vida ainda está sendo escrita, e os próximos capítulos serão decisivos.

No último passeio ciclístico que participei, com o pessoal do Corujaqueira, tive oportunidade de refletir, durante os 32 km que percorremos entre o Recife e Olinda, sobre o estágio atual da minha existência. Estou em processo de preparação, tenho que voltar a estar no controle da minha vida, ainda que esse controle seja superficial.

Sinto-me como que embarcado num veleiro oceânico, numa travessia solitária, onde tenho muitas tarefas, todas são igualmente importantes, e a falta de uma delas pode interferir diretamente no curso e no êxito da viagem. Não basta segurar o leme se as velas não forem caçadas, não basta escolher o destino se a rota não for traçada. E o mais importante, tem que ter vento, sem ele o veleiro fica parado.

O vento é o elemento externo ao meu controle, são as intercorrências da vida, é com isso que tenho que lidar, improvisando sempre, adequando ao contexto o meu caminhar.

Depois de pedalar por tanto tempo eu tive uma noite de sono gratificante, acordei disposto, com vontade de jogar fora o marasmo e a preguiça, melhorar minha alimentação, cuidar da aparência. São reflexos diretos da injeção de endorfina a que fui submetido, e eu sou dependente disso, preciso estar em atividade, correr, nadar, sentir o corpo em movimento, sentir o acelerar do coração, perceber a respiração, vencer a dor, vencer os limites.

Meu coração está em compasso de espera, minha mente está alerta, estou certo do rumo a ser tomado, só tenho que esperar que os ventos sejam bons, e devo estar preparado para manobrar bem o barco.


Palavras não entendidas

Ah essas palavras escritas...
Melhor não tê-las escrito!
Frias, mortas, impregnadas no papel,
Num texto, fora de contexto!

Há um caminho a ser trilhado,
Um desafio a ser vencido,
Uma história a ser escrita,
Uma vida a ser compartilhada.

Sem você não haverá caminho,
Vitória, história, nem mesmo vida!


Recife -16 de julho de 1999

1 Comments:

Blogger InfinitLoop said...

"Uma nuvem não sabe por que se move em tal direção e em tal velocidade. Sente apenas um impulso que a conduz para esta ou aquela direção. Mas o céu sabe os motivos e os desenhos por trás de todas as nuvens, e você também saberá, quando se erguer o suficiente para ver além dos horizontes."

(Richard Bach)

Essa frase de Richard Bach é como um lema pra mim. Eu tinha 17 anos quando a li pela primeira vez e nunca mais esqueci. E até hoje, diante dos desafios que vida apresenta, na angústia da espera pelos acontecimentos, na certeza de sempre ter escolhido o melhor caminho, acredito ser motivada por ela.
E como já disse outras vezes, essa nossa amizade indo de vento em popa, já que me incluí nesse seu veleiro oceânico hehehe, é sempre muito bom saber do outro. Dos anseios, da fase que está passando, do pensamento mais banal até o mais profundo, sempre dando a devida importância. Mas é isso aí.... me pego falando, destramelada que sou... e não paro mais! *@*

Eu só discordo dessa história de 'sem você não haverá caminho'.

Como assim, se somos nós os únicos responsáveis pelas nossas escolhas?

Creeeeeeeeeedo... eu não paro mais de filosofar HAHGAHAHAHAHAHAH

Vou voltar pro meu loop que lá é que eu viajo mesmo!

Um beijo enoooooooorme com a certeza que nos encontraremos lá na frente, nessa mesma vida!

;o)

9:19 PM  

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