27.7.05

Renovando os votos

(ícones de uma vida)

Em tempos de caça as bruxas é bom manter a vassoura escondida atrás da porta.

Havia um tempo em que as pessoas viam um certo charme em dizer de orientação política de esquerda, os intelectuais ostentavam seus charutos Havana e citavam Max e Guervara em mesas de bar. Era tido como cult todo aquele que tinha o discurso pelo social na ponta da língua. Eu nasci de um comunista, bom vivan, com a filha de um rico fazendeiro adepto do coronelismo nordestino. Cresci durante o regime ditatorial militar e me deliciei ao ouvir clandestinamente Geraldo Vandré cantando “Pra não dizer que eu não falei das flores”. Ainda adolescente ficava deslumbrado com a possibilidade de nos porões da Faculdade de Direito do Recife ouvir os debates apaixonados de jovens estudantes que se rebelavam contra o regime de exceção que os oprimia.

Aos dezessete anos entrei para o Corpo de Fuzileiros Navais, simplesmente porque queria vestir um camuflado e viver as aventuras nas selvas durante os duros treinamentos militares. Chegando lá fui adestrado a temer o inimigo que se espreita pelas ruas, aprendi a reconhecer os comunistas pelos códigos comportamentais constantes das cartilhas militares. E por um período de tempo fiquei confuso com minha própria identidade política. Depois que saí da Marinha resolvi me declarar apolítico, passando a viver alienado de tudo o que ocorria na política brasileira, escolhia os meus candidatos segundo a moda, se era tempo de fulano de tal eu usava o botom dele, se a onda era votar e beltrano eu vestia a camisa com a foto do cidadão.

Até que um dia eu conheci o Partido dos Trabalhadores, primeiro eu os combatia veementemente, depois passei a debater com eles, por fim me senti tão identificado com cada proposta, com a forma de lutar e com a militância que um dia eu sem perceber estava nas ruas fazendo campanha. De lá pra cá muitas eleições se passaram, perdemos quase todas, mas sempre elegemos bons nomes para o congresso. Dizíamos que éramos os melhores para fazer oposição, tínhamos a bandeira da honestidade, e gritávamos a plenos pulmões que éramos imaculados em meio ao lamaçal de corrupção.

O sonho acabou, e hoje, acordando no meio do pesadelo eu me vejo meio que perdido entre tantas acusações, entre tantas evidências, entre tantas decepções. Mas diferentemente de muitos que conheço que agora guardam suas bandeiras e escondem suas estrelas eu reafirmo minha condição de membro do Partido dos Trabalhadores. Eu sou PT.

E como militante que sou me sinto na obrigação de juntar os pedaços e trabalhar na reconstrução da imagem do partido. Creio que muitos se corromperam, mas que muitos mais permaneceram à margem desse processo de venda da alma ao diabo. E quero estar ao lado destes que resistiram à tentação da corrupção pelo poder, para contribuir com o soerguimento do PT. Há muito a fazer, muito que explicar, mas sem dúvidas o nosso projeto social é verdadeiro e vencedor. Devo isto à memória de todos que um dia sonharam com uma sociedade mais justa e igualitária para o Brasil. Companheiros a luta continua!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

bravo!bj
Yasmine

2:46 PM  

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