29.11.05

Sonhos de uma noite em Madri

Noite, no silêncio da madrugada me encontro, ouço canções, leio versos, vejo fotos, lembranças, momentos que se fizeram eternos. Olhos fechados, coração aberto, o vento entra pela janela do quarto enquanto ecoam os acordes de My Immortal, com Evanescence, um bailar de corpos se repete em minha mente, um instante que poderia ter sido eterno, que poderia ter acontecido. São apenas sonhos que me tomam numa madrugada de silêncio e solidão.

Angustia de um homem diante de seus fantasmas, vazio de quem buscou caminhar sozinho, lá fora a noite, aqui dentro o som da canção, dentro de mim uma leveza indescritível, a mente tranqüila, a ausência de palavras na boca compensada pela efervescência de idéias na mente. Como é bom viver, e perceber que tudo é tão pequeno e frágil. Olhando para as estrelas imagino o infinito, aonde nunca chegaremos, o lugar onde só em nossa imaginação pode ser descrito ou esperado. Tudo é temporário, tudo passa, a dor, alegria, tristeza, solidão, riqueza, amor e até mesmo a vida.

Imagino como seria caminhar pelas ruas de Madri numa noite como esta. Ao longe o som de uma dança flamenga, numa viela estreita, sob a luz do luar, um casal apaixonado. Caminhar ouvindo os próprios passos, então repetir em silêncio os versos de Garcia Lorca, Sonetos do Amor Obscuro Noche Del Amor Insomne:

Noche arriba los dos con luna llena
yo me puse a llorar y tú reías
Tu desdén era um dios, las quejas mías
momentos y palomas en cadena
”.

Sentar à mesa posta na calçada tomando uma taça de vinho, sentir a cada gole romper com as amarras da razão, sonhar e sonhando libertar a alma, e então encontrar a mulher que desejo possuir naquela noite. Morena como a noite, suave como uma brisa, cabelos negros e soltos, rosto delicado, lábios carnudos, vermelhos carmesim, olhar triste e penetrante, corpo pequeno e torneado, pernas grossas, tornozelo adornado com uma corrente de ouro, panturrilhas firmes, uma mulher para ser amada por toda a noite. Descoberta aos poucos, como em pequenos goles de vinho que embriaga de prazer.

Tomar-lhe nos braços num bailado sinuoso, sentir o ventre tocar-me o corpo, rodopiar como numa valsa frenética, alternado movimentos lentos, pequenos. Olhar nos seus olhos e sentir o fogo de suas entranhas sentir-se arrebatado por seu sorriso sedutor. Sussurrar ao seu ouvido palavras de amor, tocar-lhe o pescoço suavemente com os lábios, e com as mãos percorrer os caminhos do seu corpo.

Bailar e num bailado alucinante sermos um, e nesse instante se entregar completamente ao prazer dessa união, sem medos, sem pecados, sem dor. Apenas a entrega de dois corpos consumidos pelo fogo da paixão. Livres para amar...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ler trouxe-me a sensação de já haver estado lá, nessa cena, nesse cenário. Maravilhoso!

7:59 PM  
Blogger Frederico Pereira said...

Nossa canção, nosso encontro, aquele lugar, doces lembranças...

10:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

Uma das minhas canções preferidas.
Apesar de ter encerrado este Blog, continuo lá com o Video Clip... podes ver e ouvir a tua música, basta fazeres um click...e volta às tuas doces lembranças...

Bj ;)

8:19 PM  

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