29.11.05

Homens & Mulheres - Sexo no casamento


Sempre que estamos, os amigos, reunidos numa mesa de bar discutindo temas de grande importância para o destino da humanidade, alguém faz a célebre pergunta: "existe vida após o casamento?", é bom salientar que por vida entenda-se sexo, tesão, prazer.

Recentemente recebi, de uma amiga de Brasília, um texto atribuído a Fernando Veríssimo, falando das relações no casamento (leia no final), fiquei intrigado com o tema e resolvi dar minha contribuição ao debate, não que isso seja de grande valia.

Uma coisa é certa, homens e mulheres são diferente em muitos aspectos, nesse particular creio haver consenso. Muito já se falou da motivação sexual para o homem e para a mulher, mas deixemos isto de lado. Pensando no casamento, não o contrato civil de repercussões patrimoniais, nem a celebração religiosa que repercute no âmbito do espírito, da moral, mas sim da união estável entre homem e mulher, não necessariamente sobre o mesmo teto. Mas especificamente aquela relação onde predomina a estabilidade, a segurança e até mesmo o sentimento de posse para com o outro.

Neste estágio da relação, fica nítida a impressão, se não a certeza absoluta de que já se conquistou o ser amado, seguindo-se para uma etapa maior, a construção dos alicerces da convivência. É exatamente neste momento em que se situa a minha abordagem. Homem e mulher sentem-se seguros de que conquistaram o seu amor.

Obviamente minhas impressões são frutos de uma experiência pessoal, até porque não sou nenhum tipo de estudioso do comportamento humano, nem de suas relações. Mas vivi uma relação estável de quinze anos, e muito do que sei da vida aprendi nesse relacionamento. Uma coisa que me parece evidente é que nunca podemos deixar de conquistar, nunca podemos deixar de seduzir, mesmo depois de anos de extrema intimidade, é indispensável agir como quem quer descobrir-lhe os segredos, conhecer suas vontades, principalmente aquelas não verbalizadas. Uma relação pode ser muito prazerosa se ambos assumirem uma postura que conquista do outro a cada momento, mesmo "sabendo" todas os caprichos e desejos do outro. Aprendi, talvez tardiamente, que seduzir a mesma mulher por toda a vida é mais prazeroso que seduzir muitas por algum tempo. Afinal o desafio no primeiro caso é muito maior, pois exige muito da criatividade, senso de observação e de oportunidade.

Tudo é uma questão de posicionamento, afinal quando estamos no início de um relacionamento conseguimos sentir tanto prazer em conquistar o ser querido, então por quê não continuar com essa motivação para toda a vida? Eu já ouvi alguns amigos dizerem que o casamento é melhor maneira de acabar com o sexo entre duas pessoas. Imagino que se nós homens permanecermos os mesmos sedutores dos tempos da conquista, as mulheres corresponderão a altura esta investida, então depois de alguns ajustes entre o casal a vida afetiva e sexual será uma verdadeira explosão de prazer e satisfação.

É preciso olhar para o outro não como alguém de quem se conhece a intimidade, mas sim como de quem se quer descobrir os desejos, mesmo que tenhamos a impressão de conhecê-los todos. Imagino como seria mais barato se muitos senhores casados ao invés de arrumar amantes e cobri-las de presentes o fizessem com suas esposas, quantos litígios seriam evitados, e quantos patrimônios mantidos. Vejo alguns casos onde o homem prefere gastar fortunas com jovens amantes podendo investir na sua amada esposa, motivando-a a permanecer a mesma mulher que lhe despertou o desejo em outros tempos. É claro que as mulheres também podem agir nesse sentido, investindo em sua relação, seduzindo, despertando o interesse do companheiro, descobrindo-lhe os desejos, sendo-lhe a amante ardente e dedicada.

É claro que tudo isto só faz sentido se houver amor, e amor no meu entender é uma planta que carece de muito cuidado e atenção. É imprescindível investir no amor para que ele não esmoreça e definhe, há que se ter um espírito de namorado para nunca perder de vista os pequenos detalhes que fazem uma relação apaixonada e apaixonante. Homens sejam sedutores, cavalheiros, viris e dedicados, como se dentro de cada um existisse um Don Juan. Mulheres sejam sedutoras, femininas, ardentes e dedicadas, como se dentro de cada uma existisse uma mulher fatal. Creio que esta seja uma das muitas fórmulas possíveis para uma relação prazerosa de longa duração.

Mas tenho a plena convicção de que uma vez que o amor acabe, nada o fará voltar, então neste caso é preferível seguir cada um o seu caminho em busca de uma nova relação de amor e prazer.

Sonhos de uma noite em Madri

Noite, no silêncio da madrugada me encontro, ouço canções, leio versos, vejo fotos, lembranças, momentos que se fizeram eternos. Olhos fechados, coração aberto, o vento entra pela janela do quarto enquanto ecoam os acordes de My Immortal, com Evanescence, um bailar de corpos se repete em minha mente, um instante que poderia ter sido eterno, que poderia ter acontecido. São apenas sonhos que me tomam numa madrugada de silêncio e solidão.

Angustia de um homem diante de seus fantasmas, vazio de quem buscou caminhar sozinho, lá fora a noite, aqui dentro o som da canção, dentro de mim uma leveza indescritível, a mente tranqüila, a ausência de palavras na boca compensada pela efervescência de idéias na mente. Como é bom viver, e perceber que tudo é tão pequeno e frágil. Olhando para as estrelas imagino o infinito, aonde nunca chegaremos, o lugar onde só em nossa imaginação pode ser descrito ou esperado. Tudo é temporário, tudo passa, a dor, alegria, tristeza, solidão, riqueza, amor e até mesmo a vida.

Imagino como seria caminhar pelas ruas de Madri numa noite como esta. Ao longe o som de uma dança flamenga, numa viela estreita, sob a luz do luar, um casal apaixonado. Caminhar ouvindo os próprios passos, então repetir em silêncio os versos de Garcia Lorca, Sonetos do Amor Obscuro Noche Del Amor Insomne:

Noche arriba los dos con luna llena
yo me puse a llorar y tú reías
Tu desdén era um dios, las quejas mías
momentos y palomas en cadena
”.

Sentar à mesa posta na calçada tomando uma taça de vinho, sentir a cada gole romper com as amarras da razão, sonhar e sonhando libertar a alma, e então encontrar a mulher que desejo possuir naquela noite. Morena como a noite, suave como uma brisa, cabelos negros e soltos, rosto delicado, lábios carnudos, vermelhos carmesim, olhar triste e penetrante, corpo pequeno e torneado, pernas grossas, tornozelo adornado com uma corrente de ouro, panturrilhas firmes, uma mulher para ser amada por toda a noite. Descoberta aos poucos, como em pequenos goles de vinho que embriaga de prazer.

Tomar-lhe nos braços num bailado sinuoso, sentir o ventre tocar-me o corpo, rodopiar como numa valsa frenética, alternado movimentos lentos, pequenos. Olhar nos seus olhos e sentir o fogo de suas entranhas sentir-se arrebatado por seu sorriso sedutor. Sussurrar ao seu ouvido palavras de amor, tocar-lhe o pescoço suavemente com os lábios, e com as mãos percorrer os caminhos do seu corpo.

Bailar e num bailado alucinante sermos um, e nesse instante se entregar completamente ao prazer dessa união, sem medos, sem pecados, sem dor. Apenas a entrega de dois corpos consumidos pelo fogo da paixão. Livres para amar...

27.11.05

Uma partida de futebol


O sonho acabou! Nada que se diga sobre o jogo de ontem poderá explicar o que aconteceu, o estádio estava lotado, o time jogou melhor, o juiz ajudou, tivemos oportunidade de cobrar duas penalidades máximas, foram expulsos quatro jogadores do Grêmio. Perdemos em todos os sentidos, o jogo, a compostura, a alegria e a esperança.

Nunca vi em meus quarenta anos de vida uma alegria tão contagiante como a de ontem, no estádio o clima era de euforia, havia um misto de orgulho e solidariedade entre os pernambucanos, dois times do estado, representando o nordeste, contra dois times um do sul e outro do sudeste, representando a separação entre nordeste e sul. O hino de Pernambuco era cantado com entusiasmo cívico. A vitória do Santa Cruz contra a Portuguesa fez ecoar nos Aflitos o grito “Ah! É Pernambuco!”. Neste dia não havia rivalidade entre os pernambucanos, estavam todos imbuídos do mesmo sentimento de satisfação em fazer calar a impressa do sudeste que insistia em ignorar nossos briosos clubes de futebol.

A vitória do Grêmio era dada como certa, e isto se transformou em forte motivação para os Alvi-rubros. No fim foi uma guerra. E o pior é que fomos vencidos. Onde estava a garra do nosso povo acostumado a grandes batalhas, onde estava o sangue de heróis rubro-veio, que lutaram contra a escravidão, que deram o primeiro grito por uma nação livre, que expulsou os invasores holandeses e decidiu devolver o estado à coroa portuguesa?

Este povo de grandes lutas, de grandes sacrifícios estava habituado a encontrar dentro de si a força necessária para a superação. Mas no fim perdemos. Havia no inconsciente coletivo uma necessidade de superar nossas diferenças nacionais. O regionalismo estava presente naquela partida, não era simplesmente um jogo de futebol. A impressa local sempre que teve oportunidade deu outro enfoque ao evento. Seriamos os redentores do orgulho pernambucano. Depositamos na possibilidade de ascensão dos dois clubes pernambucanos contra os representantes do sul e do sudeste, a nossa afirmação como um grande estado da federação.

Salve o tricolor pernambucano que não permitiu que a frustração fosse completa. Triste fim teve o Clube Náutico Capibaribe que sucumbiu diante do destemido Grêmio de Futebol Porto Alegrense. Aos vencedores à glória, aos perdedores às lágrimas e explicações. Mas para nós que vivemos aquele fatídico dia, nunca haverá uma explicação.
Letra do Hino do Estado de Pernambuco
"Salve! Oh terra dos altos coqueiros!
De belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreirosPernambuco, imortal! Imortal!
Coração do Brasil! em teu seio
Corre sangue de heróis - rubro veio
Que há de sempre o valor traduzir
És a fonte da vida e da história
Desse povo coberto de glória,
O primeiro, talvez, no porvir.
Esses montes e vales e rios,
Proclamando o valor de teus brios,
Reproduzem batalhas cruéis.
No presente és a guarda avançada,
Sentinela indormida e sagrada
Que defende da Pátria os lauréis.
Do futuro és a crença, a esperança,
Desse povo que altivo descansa
Como o atleta depois de lutar...
No passado o teu nome era um mito,
Era o sol a brilhar no infinito
Era a glória na terra a brilhar!
A República é filha de Olinda,
Alva estrela que fulge e não finda
De esplender com seus raios de luz.
Liberdade! Um teu filho proclama!
Dos escravos o peito se inflama
Ante o Sol dessa terra da Cruz!"

26.11.05

Sábado de futebol

Hoje é dia de decisão, em jogo está a volta do Clube Náutico Capibaribe à elite do futebol brasileiro. Para muitos essa informação não faz o menor sentido, não tem importância. Para alguns aficionados pelo futebol hoje é um dia de grande destaque para a trajetória de cada um dos quatro times envolvidos nessa batalha.

O dia amanheceu cinzento, as nuvens cobriam o céu do Recife, a umidade alta somada a falta de ventos subiu a temperatura. Nas ruas carros com bandeiras. Pernambuco está em festa, ao menos os torcedores de dois dos três maiores clubes de futebol do estado. Náutico e Santa Cruz jogam respectivamente contra Grêmio e Portuguesa. Nos últimos anos este é, sem dúvidas, o mais empolgante momento do futebol estadual. Pernambuco pode ter em um só dia o retorno de dois dos seus grandes times à primeira divisão do futebol.

Os bares se preparam para atender um grande número de torcedores em busca de diversão, tomar uma cerveja gelada enquanto assistem ao jogo é sempre uma boa sugestão para o sábado de decisão. Em campo oitenta mil pessoas divididas nos dois estádios, vinte mil no jogo do Náutico e sessenta mil no do Santa Cruz.

A cidade está em festa, uma alegria contagiante se espalha no trânsito de carros cobertos pelas cores do dois clubes, vermelho e branco do Náutico e vermelho, preto e branco do Santa Cruz. Trabalhadores seguem seu dia no comércio ostentando as cores do seu time. Nas ruas o burburinho dos transeuntes reflete o sentimento de ansiedade e expectativa para o grande momento.

Hoje às 15:00 horas o Recife estará em silêncio. As atenções estarão voltadas para o duelo travado dentro das quatro linhas do gramado. Quem será vencedor? A quem caberá a tristeza? Enquanto esperamos sofremos, mas logo será um misto de ansiedade, alegria ou frustração.

15.11.05

O discurso

Este seria o discurso que eu faria se fosse o orador da minha turma de direito, apesar de não ter sido escolhido, pois perdi o prazo para a inscrição e nem pude concorrer, resolvi tornar público o que seria dito naquela ocasião. Afinal este lugar é onde realizo meus sonhos, este blog me permite ser tudo o que eu queira, até o orador da turma.

...



O que dizer da primeira turma de direito da Faculdade Integrada do Recife – FIR. Senhores e Senhoras aplaudam a todos que aqui estão colando grau. Estes são os pioneiros, os vencedores, os sobreviventes de um longo e árduo processo seletivo.

No início éramos 100, hoje estamos aqui em 30, o que nos leva a um tempo passado quando estávamos todos ingressando no curso de direito da FIR. Éramos tantos e com tantos sonhos. Alguns tão jovens e outros nem tanto, mas todos tomados pelo mesmo sentimento de sucesso. Afinal, estávamos dando os primeiros passos rumo a tão almejada carreira jurídica. Todavia as pessoas que viveram e fizeram parte dessa história guardam consigo a certeza de que fizeram parte de algo indescritível, real, e que jamais passará em suas mentes. A todos que fizeram parte da primeira turma de direito da FIR, é que dedico esse discurso.


Aula magna, fórum do recife, salão nobre, e diante de nós o futuro. Futuro este cheio de incertezas, desafios, lutas travadas no dia-a-dia. Éramos titãs a enfrentar as aulas nos períodos de férias, janeiro, fevereiro, quem de nós não tem a lembrança viva daqueles dias de muitos sacrifícios.

E quanto aos que nos deixaram, lembremos de cada um deles, foram tantos e cada um deixou em nós a sua marca, fomos uma turma especial, é verdade, como especiais são os vencedores.

Havia a turma do dominó, das primeiras filas de cadeiras, do fundão, as meninas, as senhoras, os rapazes e os senhores, uma turma tão heterogenia quanto unida no propósito de levar a cabo a missão, de ser o pelotão de frente nesta batalha de posicionamento, do nosso curso de direito no mercado pernambucano.

E os nossos professores? Quem não lembra de Marcos André e seu terror, hoje rimos disso, naqueles tempos de segundo período perdemos o sono. Foram tantos os mestres, alguns permaneceram conosco até aqui, outros se foram, fizeram amigos, deixaram saudades...

E como disse a canção “coração de estudante, há que se cuidar da vida...” lutamos diariamente essa batalha para fazer do curso de direito da FIR o melhor de todos, não pela biblioteca, que muitas vezes nos deixou em estado de pânico, não pelo calendário que em algum momento foi cruel e nos fez sacrificar finais de semanas e férias com os nossos familiares, mas sim pelos que aqui estão vitoriosamente colando grau, somos o que há de melhor desta faculdade, somos a matéria humana, a massa que foi amassada, espremida, colocada no forno e desta fornalha saíram os futuros advogados, juízes, membros do ministério público, procuradores, acadêmicos, enfim toda uma geração de operadores do direito que foram forjados para vencer.

Mas afinal o que somos senão um apanhado de nossas escolhas, entre as alternativas que estiveram ao nosso alcance. Então não é uma questão de escolhas, mas de oportunidades, de onde nascemos, de como nascemos, e de como somos criados. Somos fruto do meio, e reagimos a este de acordo com as ferramentas de que dispomos, as que estão ao nosso alcance, ao alcance de nossa capacidade de perceber conforme fomos construídos.

O homem é um projeto e seu resultado dependerá dos elementos que lhe compõem. Mas então onde fica aquele impulso inexplicável que nos faz ir contra o nosso destino, o plano a que fomos submetidos? Nisto vemos a essência do ser, algo inexplicável, que cada um carrega consigo, que não advém do meio, ou da genética, é o sopro de Deus que nos toca, dando a cada um instintos com os quais podemos mudar nossa história, lutando contra as evidências, indo de encontro àquilo que seria esperado de nós, rompendo com todas as expectativas, fazendo o inesperado, construindo com ferramentas adaptadas a nossa obra, isto nos diferencia do resto dos animais que povoam a terra, nosso espírito, que faz de nós seres humanos.

Sim colegas, somos mais que vencedores, somos sobreviventes deste cruel e implacável processo de seleção, chegamos ao fim desta caminhada com a certeza de que como disse o apostolo Paulo, “combatemos o bom combate”, estamos agora diante do futuro, e o que o futuro nos reserva?

Nós seremos condutores de nossas vidas, cada um seguirá uma carreira, mas em todos nós, onde quer que nos embrenhemos, teremos a marca das lutas e das vitórias que alcançamos em nossa trajetória.

Eu vejo um amanhã onde cada um de nós levará consigo a bandeira da ética, da moralidade, do profissionalismo, seremos defensores dos princípios que tão profundamente foram encravados em nós, princípios estes que formam o profissional do direito que faz a diferença. Não seremos meros coadjuvantes na história, não! Vejo aqui verdadeiros revolucionários da justiça, guerrilheiros dos direitos do cidadão, defensores dos princípios basilares do direito. Seremos vistos como a geração que não se acomodou com a busca pela riqueza e poder, não que isto nos seja negado, mas será a conseqüência de uma vida jurídica pautada na sensatez, lealdade, honestidade e acima de tudo na fé no ser humano.

Afinal para quê serve o direito, senão para o bem do homem, e este bem estar deve ser perseguido por cada um de nós na carreira que abraçarmos, não seremos Juízes, mas sim aplicadores da justiça, não seremos advogados, mas sim defensores dos direitos dos homens, não seremos membros do ministério público, mas sim guardiões das leis, não seremos professores, mas sim mestres na formação doutrinária das novas gerações. Mas tendo em mente que a flecha lançada passa a ter vida própria depois que sai de nosso controle. Não há como garantir que acertaremos o alvo. Então resta-nos a tranqüilidade de que fizemos tudo conforme nos dispomos, seguramos o arco com firmeza e miramos bem o alvo.

Somos todos flechas lançadas em direção ao futuro, e queira Deus, acertemos o alvo. Mas quero firmar com vocês ao final um compromisso, seremos sempre o orgulho deste novo curso jurídico do Recife, pois jamais esqueceremos o quanto foi duro chegar até aqui.

14.11.05

O aprendiz 1ª lição.



As mulheres, quem as entenderá?

A mulher é sem dúvida motivo de alegria e tristeza, na vida de um homem, ao mesmo tempo em que motiva conquistá-la é também uma forte razão para manter-se afastado. O criador dotou a mulher de incontáveis recursos para a sedução, nós, os pobres homens, estamos desprotegidos diante de todo o arsenal de que dispõe a mulher.

Quanto ao sexo, somos na maioria das vezes racionais, se queremos fazemos. A mulher é antes de tudo emoção, não que seja isto um demérito, mas suas atitudes são direcionadas não a atender o desejo que arde em seu corpo, mas sim a fantasia idealizada em sua mente.’

Uma mulher pode mesmo ardendo de desejo sublimar o sentimento por puro capricho. Pode até mesmo esconder sua fúria sexual no ato, se algo a desagrada, basta que o companheiro tenha a aborrecido, ela age assim por puro capricho, ou maldade.

Enquanto o homem se excita com maior freqüência pelos estímulos visuais e físicos, a mulher, que é sentimento, espera todo um jogo de sedução, cheiros, toques, sons, gostos, palavras e gestos. Na sedução a mulher espera uma variação entre a sutiliza de um olhar e o arrebatar de um abraço, como as ondas do mar em seu balanço, é na variação dos estímulos que reside à satisfação feminina no ato sexual. Se não for atendida a sua expectativa ela pode sufocar o vulcão que explode dentro de si com uma camada de gelo polar.

Boa parte das mulheres desconhecem, ou pouco utilizam seus atributos de sedução, são muitos os recursos que estão a seu dispor. Mas quando descobrem todo o poder de sedução que está a seu alcance tornam-se verdadeiras senhoras de seu mundo, com o controle de todos os homens ao seu redor.

Enquanto a maioria dos homens se sentem, atraídos e estimulados, por um belo corpo de formas sinuosas e harmônicas, muitas mulheres podem ser arrebatas por companheiros sem tantos atributos físicos e até mesmo dotados de uma indisfarçável barriga. O que conta nesta hora é a capacidade do companheiro em descobrir na mulher os seus segredos, aqueles dos quais elas não falam mais oferecem pistas dissimuladas em pequenos gestos.

No jogo da sedução as regras são criadas a cada ensejo, cada encontro, cada momento, cabe a quem se aventura nestes caminhos estar atento aos sinais. Nisto temos a diferença entre os muitos encontros entre homens e mulheres. Há encontros de puro prazer e felicidade e em outros frustração e insatisfação.

Mas de tudo o que mais impressiona é a essência feminina, conhecer uma mulher é uma tarefa que demanda tempo e dedicação, é preciso estar com o espírito desnudo de qualquer idéia pré-concebida e pronto para as descobertas. A essência feminina, quem a conhecerá? Imagino como seria interessante ler seus pensamentos, evitaríamos muitos desencontros.

A vida tem me ensinado a amar incondicionalmente, todavia deixando sempre uma porta aberta para uma saída de emergência. Quem se entrega a uma descoberta de tamanha magnitude certamente estará exposto as conseqüências de tal encontro. Portanto é bom ter em mente que o fogo da paixão aquece o coração, mas pode consumir a alma. É bom saltar para o abismo profundo equipado com um bom jogo de pára-quedas, assim é possível curtir a queda e quando se aproximar do chão ter garantido um pouso seguro.
Fera
Ah! Quem dera fossem os homens feras
E assim lutassem contra as quimeras
Que se disfarçam entre nós...
Nos comem as entranhas enquanto gargalham
Com suas bocas cheias de batom!

13.11.05

Domingo é dia de futebol...

Algumas coisas me fazem perder o sono, entre elas está o futebol. Algo realmente impressionante é o fato de que um jogo de futebol possa interferir tanto no meu humor, isto não faz sentido, afinal eu não posso influir no resultado, só fico no estádio ou na frente da televisão sofrendo. Pergunto sempre o que me leva a ser assim tão incompreensivelmente insano. Tudo bem que passei boa parte de minha infância nas dependências do Clube Náutico Capibaribe, cresci naquelas quadras, vivi momentos de extrema felicidade naquele lugar. Depois tem os amigos, quase todos são torcedores do Náutico, uma feliz coincidência. Mas o que significa torcer por um clube de futebol?

Esta é uma pergunta para a qual eu não encontro resposta. Só digo que não vou mais acompanhar os jogos do Náutico. O bom é que em Brasília eu terei a distância necessária para esquecer do Clube Náutico Capibaribe, este meu grande amor.
Minha vida sempre foi muito ligada à prática de uma atividade esportiva. Cresci em quadras de tênis, futebol de salão, vôlei, ainda muito menino entrei para a escolinha de remo, e só deixei de competir por esta modalidade esportiva aos 32 anos. Joguei vôlei de praia até os 37 anos, e até os dias atuais mantenho a prática do tênis, ao menos, duas vezes por semana.

Sempre fui muito competitivo, tanto que nem sei se desenvolvi a competitividade pela prática esportiva ou se pratiquei tantos esportes por força de minha personalidade competitiva. Sei que me saí bem em todos os esportes que pratiquei, ganhei medalhas, fiz parte de seleções, viajei para competir, tive muitas alegrias e poucas tristezas na minha vida de atleta.

Talvez isto explique minha paixão exacerbada por futebol, pelo meu time. Penso que realizo minha necessidade de competir através do meu clube do coração. Se bem que passei alguns anos só vivendo derrotas com o Náutico, mas nunca deixei de amar o alvi-rubro de Rosa e Silva, acompanhei solidariamente seu ocaso, e ajudei, como pude, na sua ascensão. Passei 11 anos sem ter o prazer de comemorar um título, mas pude sentir o coração explodir de alegria no ano do centenário quando fomos campeões pernambucanos.

Hoje me vejo um tanto relaxado quanto a prática de uma atividade esportiva, não tenho a freqüência, nem a regularidade que gostaria, mas tenho mantido ao menos o contato com o tênis. Passados dez anos de minha última competição como atleta sinto uma grande necessidade de voltar aos treinos diários.

Como não posso permanecer jovem por toda a vida, ao menos permanecerei com este espírito. Então está decidido, voltarei a ter uma atividade esportiva diária. Estou apenas avaliando em qual modalidade me encaixo melhor. Mas 2006 será o ano do retorno.

O rei está morto. Longa vida ao Rei!
Partida De Futebol
Skank
Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém pra cabecear
Bola na rede pra fazer um gol
Quem não sonhou ser um jogador de futebol?
A bandeira no estádio é um estandarte
A flâmula pendurada na parede do quarto
O distintivo na camisa do uniforme
Que coisa linda, é uma partida de futebol
Posso morrer pelo meu time
Se ele perder, que dor, imenso crime
Posso chorar se ele não ganhar
Mas se ele ganha, não adianta
Não há garganta que não pare de berrar
A chuteira veste o pé descalço
O tapete da realeza é verde
Olhando para bola eu vejo o sol
Está rolando agora, é uma partida de futebol
O meio campo é lugar dos craques
Que vão levando o time todo pro ataque
O centroavante, o mais importante
Que emocionante, é uma partida de futebol
O goleiro é um homem de elástico
Só os dois zagueiros tem a chave do cadeado
Os laterais fecham a defesa
Mas que beleza é uma partida de futebol
Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém pra cabecear
Bola na rede pra fazer um gol
Quem não sonhou ser um jogador de futebol?
O meio campo é lugar dos craques
Que vão levando o time todo pro ataque
O centroavante, o mais importante
Que emocionante, é uma partida de futebol !

7.11.05

Uma nova oportunidade para a vida...

"A adversidade é um trampolim para a maturidade". C.C. Colton

Parte I


Estou fazendo as malas e sinto o peso de cada passo dado em direção à porta de saída. Mas é preciso ter coragem para mudar, rever conceitos, destruir mitos, construir novos paradigmas. Sinto no corpo o reflexo dos conflitos que se instalam em meus pensamentos. Agora estou diante dos meus medos, receios, limites e fragilidades. As idéias ficam confusas, as perguntas sem respostas, o caminho cada vez mais escuro.

Estou pronto para uma nova viagem, talvez repita o caminho, ou quem sabe descubra uma nova direção. De uma coisa eu tenho certeza, partirei.
"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: Quero é uma verdade inventada."
(Clarice Lispector)

Parte II
Sinto-me como na era de aquário, à frente do meu tempo, meus desejos são etéreos, meus passos me levam na contra-mão dos que buscam o modelo de Platão, sou um simulacro, e como tal desconstruo o óbvio e crio o meu próprio ideal.

Mas sou um ser social e como tal quero pertencer a uma tribo, só que não me identifico numa, mais em muitas, vejo em mim um ser multifacetado, um camaleão, algumas vezes um predador noutras a caça. Mas o que mais anseio é a liberdade, quero voar, saltar, mergulhar, escalar, quero me perder dentro de meus sonhos, quero lutar contra meus monstros, e se possível vencer alguns.

FIM

Misantropia é a característica das pessoas que se satisfazem na solidão, se confunde com o eremita ou com aquele que não consegue viver em sociedade. Eu percebo este indivíduo sob outro aspecto, o misantropo é antes de tudo uma pessoa feliz consigo mesma, integrada a sociedade, e que cultiva amizades e amores, todavia sente-se bem em estar só.

O entendimento geral é que solidão significa estar só. É o completo desamparo social e afetivo, comprometendo a psique do indivíduo. Todavia estar só é diferente de ser só. Há pessoas solitárias em meio à multidão, pessoas que estão casadas e que se sentem extremamente solitárias. A solidão nestes casos é um estado de espírito, reflete conflitos internos não resolvidos ou externados.

Gosto de estar só! A sensação de paz e tranqüilidade que um vôo solo permite é indescritível, é um olhar sereno para o universo, é estar diante do criador percebendo-se uma frágil criatura. A primeira vez que fiz um vôo de planador tive a nítida impressão de ver a Deus, não no sentido estrito, mas sim na compreensão da simplicidade da vida, foi na solidão do vôo, no silêncio profundo da ausência de motores, na delicadeza dos movimentos da aeronave e na sensibilidade dos comandos que eu percebi a beleza da solidão.

Estar só é ouvir, sentir, experimentar, refletir, aprender, amar. É olhar para dentro de si e perceber-se um estranho e então buscar conhecer a si mesmo, entender os limites e então voltar desse encontro mais tolerante e compreensivo com os outros e com você.

Este mergulho para dentro de nosso ser pode permitir que voltemos mais preparados para amar, compartilhar, perdoar, e principalmente doar-se ao outro. Ter satisfação em si mesmo é importante para se entender que o outro não é, nem pode ser, responsável pela nossa felicidade. Temos no outro o companheiro de viagem, aquele que anda ao lado, e muitas vezes por outros caminhos, mas que em alguns momentos se cruzam, e é nesta intercessão que temos o encontro.

Não sou contra o casamento, a família, ou qualquer outro tipo de organização entre homem e mulher. Sou contra a infelicidade do dever ser. Não entendo como podemos ir além do que é possível. Penso que as relações necessitam de liberdade, inclusive para terminarem. Como disse o poeta um dia, um relacionamento não deve ter a obrigação de ser eterno, já que é motivado por um sentimento que pode se acabar, mas que enquanto este sentimento perdurar que se viva intensamente cada instante.

Penso que seriamos mais felizes se nos desapegássemos ao sentimento de posse. Posse sobre o outro, posse sobre os filhos, posse sobre os amigos. Entendo que é preciso evitar este sentimento que nos faz entender como propriedade aquilo que não pode ser.

Estar só muitas vezes é mais prazeroso que estar rodeado de estranhos, não no sentido formal da palavra, mais de estranhos aos nossos sonhos, nossas necessidades, nossas angústias.

Escolhi estar só, mas isto não significa que sou um solitário. Estou aberto a amar com a intensidade própria do amor, a compartilhar com os amigos cada momento de pura amizade, mas sem depositar neles, amigos e amores, a minha possibilidade de ser feliz. Serei ou não feliz a medida que me conheça e entenda as minhas reais necessidades, e não aquelas que os outros nos convencem que são importantes.

Quero me conhecer mais profundamente para então ser melhor amigo e amante. Quero ser feliz comigo mesmo para então não ser um peso ao outro seja ele quem for. Quero então deixar minha família, meus amigos, meus amores, desobrigados de buscarem me fazer feliz, pois isto é algo que só a mim compete fazê-lo
.


Mudanças
(canta Vanusa)

Hoje eu vou mudar,
Vasculhar minhas gavetas
Jogar fora sentimentos
E ressentimentos tolos.

Fazer limpeza no armário,
Retirar traças e teias
E angústias da minha mente.
Parar de sofrer
Por coisas tão pequeninas.
Deixar de ser menino p/ ser homem.

Hoje eu vou mudar
Por na balança a coragem
Me entregar no que acredito
Para ser o que sou sem medo.
Dançar e cantar por hábito
E não ter cantos escuros
Pra guardar os meus segredos.
Parar de dizer
Não tenho tempo pra vida
Que grita dentro de mim me libertar...

3.11.05

Vou-me embora pra Brasília

Recife amanheceu com uma das mais belas manhãs que eu já vi. O céu de uma azul profundo, limpo sem nuvens, no mar o movimento das ondas impulsionadas pela força dos ventos, constroem uma cena lírica fazendo as espumas das ondas que quebram no meio do mar parecerem chumaços de algodão espalhados num tapete azul marinho.

Vou-me embora para Brasília, e sei que sofrerei, sentido falta do mar azul, desta terra que desde cedo amei. Vou buscar novos horizontes a preencher minhas manhãs, longe vento que sopra do oceano atlântico.

Vou pra longe de Olinda e suas sete colinas, suas ladeiras históricas, suas graciosas meninas. Vou pro planalto central, de clima seco e frio, da vegetação rasteira do cerrado, do lago Paranoá, dos edifícios de concreto. Vou deixar a poesia nas mesas dos bares daqui, da minha turma boêmia, dos amigos com quem convivi. Vou a busca de novos amigos, sem esquecer os que ficam aqui, conquistar novos amores, e esquecer os que perdi.

Vou a busca de fortuna, das riquezas que correm por lá. Vou deixar minha alma aqui, pois lá irei para trabalhar. Vou guardar meu sorriso sincero, vou esquecer esse jeito menino, vou tornar-me um homem sério, para voltar a ser menino.

Vou-me embora para Brasília, começar tudo de novo, andar por ruas desertas, olhar nos olhos do povo. Aprender esse novo caminho, viver essa outra emoção, estar de volta ao ninho de onde um dia voei de avião. Vou andar pelo plano piloto, esplanada dos ministérios, me encantar com a beleza dos prédios, descobrir de Brasília os seus mistérios.

Vou então preparar meu espírito, e daqui me despedir, vou beber em cada bar da cidade para lembrar com quem bebi. Vou levar as imagens sagradas, do mar, dos rios daqui, vou cantar pelas madrugadas as músicas que falam de ti.

Vou deixar o Recife e Olinda, meus dois amores, tuas ruas, teu casario, tua história, teu jeito de viver, teu povo tão simples, vou levar tudo isto comigo, guardado no meu coração. Vou, mas volto Recife. Então não é um adeus, só até logo.
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
(Manoel Bandeira)

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.